sábado, outubro 07, 2006

Fisioterapia: muito tempo à espera da consulta




Quadro negro para a Fisioterapia:

"A maioria dos portugueses está satisfeita com o resultado dos tratamentos de fisioterapia, mas muitos lamentam o tempo de espera pelas consultas, sobretudo, quando marcadas através do Serviço Nacional de Saúde. Mais de metade considera que o médico prescreveu um número insuficiente de sessões. Conclusões de um inquérito da DECO PROTESTE a cerca de 3700 portugueses.
Os resultados do estudo, realizado em conjunto com as organizações de consumidores espanhola, belga e italiana, revelam que cerca de um quinto dos portugueses teve dificuldade em marcar consultas de fisioterapia, sobretudo devido a falta de vagas. Os utentes do Serviço Nacional de Saúde são os mais queixosos: tiveram de aguardar quase três semanas, enquanto os inquiridos que seguiram pela via privada obtiveram a consulta em cerca de uma semana.
A maioria dos utentes confessou que preferia ter começado os tratamentos mais cedo, até porque 85% já sofria do problema há mais de um ano e tinha tentado outros tratamentos, como medicamentos e ligaduras elásticas. A falta de vagas no fisioterapeuta (42%), o tempo de espera pela consulta médica (21%) e o facto de o médico ter demorado muito a prescrever fisioterapia (21%) foram as principais razões apontadas para o início tardio.
O estudo revela ainda que os médicos portugueses receitaram, em média, cerca de um terço de sessões a mais do que os seus colegas estrangeiros. Mesmo assim, 6 em cada 10 inquiridos consideraram o número insuficiente.
A maioria dos inquiridos da DECO PROTESTE indicou ter melhorado com os tratamentos. Mas cerca de um quarto, em especial os utentes do Serviço Nacional de Saúde, manifestou-se insatisfeito, por considerar insuficientes as condições da sala de tratamento e o tempo dedicado pelo fisioterapeuta.
Grande parte dos pacientes recorreu à fisioterapia por indicação do médico de família ou outro especialista, devido a problemas nos músculos, ossos e articulações. Os mais frequentes situavam-se nas costas, seguindo-se os joelhos e os ombros. Quase metade fez os tratamentos através do Serviço Nacional de Saúde, pagando apenas as taxas moderadoras: em média, € 6 por sessão. Os pacientes que seguiram pela via privada afirmaram ter pago cerca de € 15 por cada tratamento.
Face aos resultados do estudo, a DECO considera fulcral que o Ministério da Saúde tome medidas para que os utentes do Serviço Nacional de Saúde tenham um tratamento semelhante ao dos privados e não sejam obrigados a esperar o dobro ou triplo do tempo por uma consulta.
Segundo a associação de consumidores, é também indispensável que aquele Ministério fiscalize a actividade de forma regular, para garantir a qualidade dos serviços. A lista das clínicas convencionadas deverá ser de fácil acesso para os utentes, por exemplo, nos centros de saúde e via Internet, para que possam escolher livremente.
A par dos problemas detectados no inquérito, a DECO PROTESTE identificou algumas lacunas na lei que rege o sector. Esta define a fisioterapia como um serviço das clínicas de fisiatria e reabilitação, que deverão ser licenciadas e fiscalizadas pelo Ministério da Saúde e dirigidas por um médico fisiatra. Não é claro que tal também se aplique aos gabinetes e consultórios onde apenas se pratica fisioterapia. Os consumidores exigem, pois, que o Ministério da Saúde defina de vez se estes tratamentos exigem ou não supervisão médica. Se tal suceder, terá de fechar todos os gabinetes sem médico fisiatra. Caso este profissional seja dispensado nalgumas situações, é preciso criar legislação para esses casos, de modo a garantir aos utentes um tratamento de qualidade. "

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